ALQUIMIA DA ESPERANÇA E AS MASSAS.
"Um pouco de fermento altera toda a massa." Gálatas 5:9.
As invenções e descobertas humanas
se convertem em produtos e serviços que podem trazer bons e maus resultados
para alguns ou para todos os seres humanos. O momento que tais resultados
também são disponibilizados é algo que também carece observação.
Muitas invenções são
universais e servem realmente a todos. Outras são típicas de um povo ou região
e são aplicáveis especificamente àquela localidade e/ou população.
A roda é um exemplo de
invenção universalizada. Ela é, na verdade, uma adaptação de elementos naturais
que já existiam e que o homem soube aproveitar e desenvolver sua utilização.
A meu ver, a invenção
humana mais importante é a palavra. A transformação de sons produzidos, pela
boca ou não, e convertidos em códigos específicos, faz com que tenha sido
possível iniciar e acabar qualquer coisa, ser, história, apenas com enunciação
de uma palavra ou comando. A palavra é a invenção, mais poderosa já criada pelo
homem.
A palavra pode ser de uso
universal, mas há outras que são de uso local. Por exemplo, a palavra
“internet” é atualmente um vocábulo de uso global. Todavia, a palavra “vipe” é
um verbete que só tem valor comunicativo e significado para os falantes de
Cruzeiro do Sul, no Acre, e para as comunidades adjacentes.
Algumas invenções são
efêmeras e não vigam, outras são perenes e durarão para sempre. Umas servem
para dar a vida, outras para tirar a vida. Algumas dão ao usuário a
possibilidade de se manter vivo por tempo, outras têm a capacidade de tirar
milhares, ou até milhões, de vida em questão segundo.
Algumas pessoas inventam
alguns produtos e por essa razão chegam a ficar ricas com muito dinheiro.
Outras sabem que suas invenções ou serviços são utilizados por muitas pessoas e
não recebem um único centavo por conta da sua criação. O exemplo da primeira
citada parte é o programa “Windows” da Microsoft. Apesar de muitas cópias
estarem em funcionamento em milhões de computadores mundo a fora, a Empresa
vende o produto e enriquece com a venda dos mesmos. Um exemplo da segunda parte
aqui é, por exemplo, o e-mail. Um serviço de troca de mensagens estáticas que
foi criado por um profissional do sistema ARPA, e não recebe um tostão sequer
por cada conta de e-mail criada.
A roda é uma das invenções
mais antigas e úteis. Outra invenção que é muito importante para a história
humana é a pólvora. Com ela, o ser humano conseguiu realizar muitas mudanças no
seu comportamento, e na vida dos outros seres.
A pólvora foi inventada
pelos alquimistas taoistas da China. De acordo como o portal do Discovery
Channel Brasil, os alquimistas tentavam descobrir algum produto que fosse capaz
de fazer o homem viver mais e melhor. As tentativas iam ocorrendo e junto com
elas reações químicas aconteciam e sem querer também geravam algumas explosões.
A pólvora foi uma destas descobertas que causaram um impacto muito grande na
vida das pessoas. A união de enxofre, salitre, e carvão escuro produziram um
composto de grande poder explosivo.
A pólvora se difundiu pela
Ásia, pelo Oriente Médio, e pelo restante do mundo como um todo. Ela, por ser
um elemento explosivo, causou muitas mortes de algumas pessoas, mas ao mesmo
tempo, fez com que outras comunidades que a dominavam tivessem domínio sobre
outros humanos. Imagine, por exemplo, quando os europeus vieram para as
Américas na ânsia de encontrar e saquear ouro e outras riquezas, e ao se
depararem com os nativos desta região que conheciam como armas apenas arco e
flecha, fizeram uso de suas armas de fogo. Aquele estampido medonho, a expulsão
de fumaça, e o arremesso de algumas bolinhas de chumbo ou outro metal capaz de
matar outra pessoa. Pense como o nativo os teriam visto naquele momento! Se o
trovão que vinha do céu era uma representação simbólica do poder de Tupã, mas
que não fazia um estrago tão certeiro e rápido aos irmãos, aquele “trovão”
causado por alguém semelhante, também representava o poder, inclusive de matar.
Para chegarmos a uma
compreensão do uso da pólvora, vamos fazer um paralelo dela com as
manifestações populares como as que ocorreram no início da segunda quinzena de
Abril de 2013 no Brasil. Um estouro enorme se fez com a presença dos estudantes
cobrando redução de preço nas passagens do transporte coletivo em São Paulo. A
metáfora é algo mais ou menos assim.
As partes de um cartucho completo
são: projétil, estojo, propelente, e espoleta. Cada um tem sua função e serve
ao propósito da explosão. O projétil é a parte sólida a ser arremessada. Aqui
cada pessoa representa um projétil. O estojo seria a união de todos que estão
às ruas pedindo mudanças e fazendo as mudanças. Propelentes são as esperanças, as
ideias, as filosofias, as necessidades sociais e individuais, as expectativas
de cada pessoa; e, a espoleta é aquele pequeno grupo que está pronto para
iniciar o fogo e juntando-se ao projétil causa a explosão no propelente. Basta
que a espoleta entre em ignição gerando uma pequena explosão para que a grande
explosão ocorra ao ser inflamada. Pois bem, uma vez que essa massa entra em
reação, os ânimos se alteram e o resultado pode ir além daquilo que se
planejava.
É uma alquimia
inexplicável, inesperada, e poderosa. Ao inflamar a massa que antes parecia sem
vida, esse pouco de fermento altera toda a massa e faz com as pessoas saiam às
ruas e passem a cobrar dos governantes e demais autoridades uma atitude correta
e humanitária para com todos. Quando se percebe que a corrupção é algo que danifica
e empobrece o povo, o desenvolvimento se torna reduzido, e a vida fica sem
sentido. Mas, uma vez que essa espoleta inicia a explosão, as pessoas passam a
crer mais em si e nos seus compatriotas. Aquela massa amorfa passa a ter vida e
atitudes.
Assim, a alquimia da
esperança entra em operação e a massa passa a ter vida. Por essa razão, não se
deve brincar com elementos explosivos se você ao tem o cuidado adequado para
manejar o conteúdo com bastante atenção.
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