Um
dos grandes escritores da literatura inglesa, Robert Louis Stevenson,
defendia a seguinte idéia: “A política talvez seja a única profissão para a
qual não se julga necessária uma preparação.”
Um
provérbio francês diz o seguinte: "La raison du plus fort est toujours la
meilleure." Em uma tradução livre e o mais fiel possível é algo próximo a
“A razão do mais forte é sempre a melhor.”
Vejamos
como associar estas duas idéias para apoiar o título deste texto.
O
Brasil é um grande país. Possui proporções continentais. Em algumas regiões é
sempre muito seco. Em outras, chove demais. Outras apresentam quatro estações
distintas. Há momentos em que as folhas caem para que as plantas possam se
renovar. Em outras ocasiões, as flores brotam para gerar novos frutos. Antes
disso as cores, os odores, e suas disposições representam uma maneira que a
Natureza tem para apresentar os frutos, as sementes, as condições potenciais vitais
para a manutenção da vida. Esse momento mágico se chama “Primavera”.
A
Primavera é a gestação vida, da mudança, da renovação. A riqueza floral entre
trópicos é tão ampla que a quantidade de vida, que brota e pipoca em todos os
recantos do planeta, é enorme.
Se
é no Canadá, a estação das flores tem suas belezas. Se é no continente
asiático, as características primaveris abrem suas pétalas de maneira típica e
abrangente. As belezas intertropicais da estação floral são muito sensíveis e
sensoriais.
À
medida que a primavera representa a mudança, o aparecimento de novas
possibilidades de vida, não importa onde ele ocorra, sempre virá.
As
estações representam mudanças cíclicas que estão relacionadas com a posição da
Terra no sistema solar, na Via Láctea, no Universo.
Essas
mudanças também ocorrem nos países, nas pessoas, em todas as coisas que compõem
esse ambiente.
Nos
países árabes, percebeu-se a necessidade de mudanças. O modelo arcaico
precisava ser trocado por novas sementes para fazer com que o antigo modus
operandi fosse completamente substituído pelas flores para a criação de um
jardim democrático. Nascera assim a Primavera Árabe.
As
flores se abriram dispersaram seus polens e perfumes; muitas vingaram, e deram
frutos. Algumas outras logo morreram, mas deram lugar aos novos frutos. Assim
as mudanças tendem a ocorrer com mais rapidez.
Ocorreram
na Tunísia, no Egito, no Iêmen, na Líbia, no Sudão. Muitos antigos mandatários foram
depostos e a busca por mudanças forçou o povo a ir para as ruas para a
efetivação de novos rumos e novos valores humanos e duradouros. Ainda não acabou.
A luta continua porque é uma estação que carece de muito cuidado e laboriosa
crença nas mudanças. Muitas vidas foram extintas como as flores que caem de uma
árvore para a chegada de novos frutos.
No
Brasil, as estações se apresentam de forma diferente em várias partes do país. Abaixo
da linha do Equador e acima do Trópico de Capricórnio, o clamor por mudanças
fez com que alguns milhões pessoas fossem para as ruas reclamar essas mudanças,
esses novos frutos.
A
Primavera Subequatorial acaba de nascer e florescer aqui no Brasil. Centenas de
milhões de pessoas foram para as ruas. Em diversos pontos desta nação, essa
demanda por mudança encheu as ruas e avenidas contra políticos corruptos,
falcatruas repetidas e sequenciadas. Propinas, uso indevido do aparelho
estatal, desrespeito, descuido, e muito mais fizeram com que o povo marchasse nas
principais vias urbanas, clamando por mudanças.
Considerando
que a frase “A política talvez seja a única profissão para a qual não se julga
necessária uma preparação.” de R. L. Stevenson esteja correta e atual, tememos
que muitas flores sejam arrancadas violentamente e excluídas das árvores antes
de produzirem frutos. Essa visão temerária nos chega porque se "La raison
du plus fort est toujours la meilleure" pode ser verdadeiro o temor da iminência
de uma guerra civil de proporções desastrosas que pode estar surgindo. O povo
acordou.
Os
políticos brasileiros continuam fazendo farra com o dinheiro do povo sem o
menor pudor ou constrangimento, numa clara demonstração de abuso de poder. Jatinho
pra cá, helicóptero pra lá. Um total descaso com os impostos que deveriam ser
usados na Educação, na Saúde, na Segurança, na geração de Emprego, na aplicação
rápida e reta da Justiça.
Mas
a retidão esperada não tem ocorrido. O povo já se inflamou e sentiu que pode
fazer a mudança.
Os
políticos precisam “sim” estar preparados para lutar pelo povo e aplicar todos
os recursos físicos e ideológicos disponíveis em favor da população. Eles necessitam
perceber que embora pensem que eles representem a razão do mais forte, eles não
o são; eles se quebram porque o povo é sempre a melhor razão. O povo é mais
forte.
Pode
ser que essa primavera abaixo do Equador seja muito longa. Pode ser que
estejamos à beira de uma guerra civil como nunca antes se viu na história desse
país. Isso pode tornar-se verdadeiro porque os partidos dos trabalhadores, dos
democratas, dos socialistas, dos ruralistas, dos progressistas, de todos enfim,
não têm estado respeitando o povo e também não têm representado corretamente essa
enorme massa carente.
Falta
respeito, retidão, saúde, segurança, trabalho, transporte eficaz. Falta Justiça.
Falta Educação.
Portanto,
senhoras e senhores, autoridades constituídas deste país, tenham cuidado. Não forcem
a população a entrar em colisão com vocês. O despreparo de muitos de vocês e a população
forte podem fazer com os resultados sejam diferentes daquilo que vocês
gostariam.
Não
há necessidade de fazer com a Primavera Subequatorial seja manchada com o
derramamento de sangue e o sumiço de muitas flores que ainda precisam brotar.
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