quinta-feira, 18 de julho de 2013

O BRASIL E A PRIMAVERA SUBEQUATORIAL

       Um dos grandes escritores da literatura inglesa, Robert Louis Stevenson, defendia a seguinte idéia: “A política talvez seja a única profissão para a qual não se julga necessária uma preparação.”
       Um provérbio francês diz o seguinte: "La raison du plus fort est toujours la meilleure." Em uma tradução livre e o mais fiel possível é algo próximo a “A razão do mais forte é sempre a melhor.”
       Vejamos como associar estas duas idéias para apoiar o título deste texto.
       O Brasil é um grande país. Possui proporções continentais. Em algumas regiões é sempre muito seco. Em outras, chove demais. Outras apresentam quatro estações distintas. Há momentos em que as folhas caem para que as plantas possam se renovar. Em outras ocasiões, as flores brotam para gerar novos frutos. Antes disso as cores, os odores, e suas disposições representam uma maneira que a Natureza tem para apresentar os frutos, as sementes, as condições potenciais vitais para a manutenção da vida. Esse momento mágico se chama “Primavera”.
       A Primavera é a gestação vida, da mudança, da renovação. A riqueza floral entre trópicos é tão ampla que a quantidade de vida, que brota e pipoca em todos os recantos do planeta, é enorme.
       Se é no Canadá, a estação das flores tem suas belezas. Se é no continente asiático, as características primaveris abrem suas pétalas de maneira típica e abrangente. As belezas intertropicais da estação floral são muito sensíveis e sensoriais.
       À medida que a primavera representa a mudança, o aparecimento de novas possibilidades de vida, não importa onde ele ocorra, sempre virá.
       As estações representam mudanças cíclicas que estão relacionadas com a posição da Terra no sistema solar, na Via Láctea, no Universo.
       Essas mudanças também ocorrem nos países, nas pessoas, em todas as coisas que compõem esse ambiente.
       Nos países árabes, percebeu-se a necessidade de mudanças. O modelo arcaico precisava ser trocado por novas sementes para fazer com que o antigo modus operandi fosse completamente substituído pelas flores para a criação de um jardim democrático. Nascera assim a Primavera Árabe.
       As flores se abriram dispersaram seus polens e perfumes; muitas vingaram, e deram frutos. Algumas outras logo morreram, mas deram lugar aos novos frutos. Assim as mudanças tendem a ocorrer com mais rapidez.
       Ocorreram na Tunísia, no Egito, no Iêmen, na Líbia, no Sudão. Muitos antigos mandatários foram depostos e a busca por mudanças forçou o povo a ir para as ruas para a efetivação de novos rumos e novos valores humanos e duradouros. Ainda não acabou. A luta continua porque é uma estação que carece de muito cuidado e laboriosa crença nas mudanças. Muitas vidas foram extintas como as flores que caem de uma árvore para a chegada de novos frutos.
       No Brasil, as estações se apresentam de forma diferente em várias partes do país. Abaixo da linha do Equador e acima do Trópico de Capricórnio, o clamor por mudanças fez com que alguns milhões pessoas fossem para as ruas reclamar essas mudanças, esses novos frutos.
       A Primavera Subequatorial acaba de nascer e florescer aqui no Brasil. Centenas de milhões de pessoas foram para as ruas. Em diversos pontos desta nação, essa demanda por mudança encheu as ruas e avenidas contra políticos corruptos, falcatruas repetidas e sequenciadas. Propinas, uso indevido do aparelho estatal, desrespeito, descuido, e muito mais fizeram com que o povo marchasse nas principais vias urbanas, clamando por mudanças.
       Considerando que a frase “A política talvez seja a única profissão para a qual não se julga necessária uma preparação.” de R. L. Stevenson esteja correta e atual, tememos que muitas flores sejam arrancadas violentamente e excluídas das árvores antes de produzirem frutos. Essa visão temerária nos chega porque se "La raison du plus fort est toujours la meilleure" pode ser verdadeiro o temor da iminência de uma guerra civil de proporções desastrosas que pode estar surgindo. O povo acordou.
       Os políticos brasileiros continuam fazendo farra com o dinheiro do povo sem o menor pudor ou constrangimento, numa clara demonstração de abuso de poder. Jatinho pra cá, helicóptero pra lá. Um total descaso com os impostos que deveriam ser usados na Educação, na Saúde, na Segurança, na geração de Emprego, na aplicação rápida e reta da Justiça.
       Mas a retidão esperada não tem ocorrido. O povo já se inflamou e sentiu que pode fazer a mudança.
       Os políticos precisam “sim” estar preparados para lutar pelo povo e aplicar todos os recursos físicos e ideológicos disponíveis em favor da população. Eles necessitam perceber que embora pensem que eles representem a razão do mais forte, eles não o são; eles se quebram porque o povo é sempre a melhor razão. O povo é mais forte.
       Pode ser que essa primavera abaixo do Equador seja muito longa. Pode ser que estejamos à beira de uma guerra civil como nunca antes se viu na história desse país. Isso pode tornar-se verdadeiro porque os partidos dos trabalhadores, dos democratas, dos socialistas, dos ruralistas, dos progressistas, de todos enfim, não têm estado respeitando o povo e também não têm representado corretamente essa enorme massa carente.
       Falta respeito, retidão, saúde, segurança, trabalho, transporte eficaz. Falta Justiça. Falta Educação.
       Portanto, senhoras e senhores, autoridades constituídas deste país, tenham cuidado. Não forcem a população a entrar em colisão com vocês. O despreparo de muitos de vocês e a população forte podem fazer com os resultados sejam diferentes daquilo que vocês gostariam.
       Não há necessidade de fazer com a Primavera Subequatorial seja manchada com o derramamento de sangue e o sumiço de muitas flores que ainda precisam brotar.



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